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Nordestino lê mais livros que a média nacional

Nordestino lê mais livros que a média nacional

A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, lançada nesta quarta-feira (28) pelo Instituto Pró-Livro, revela que o Nordeste está lendo mais e acima da média nacional. A terceira edição do estudo aponta também um aumento no número de leitores. O Piauí também fez parte do levantamento, mas não foram divulgados dados específicos por estado.
 
Segundo a pesquisa sobre o comportamento do leitor no Brasil, os nordestinos leem em média 4,3 livros por ano, mais que os 4 livros da média nacional. Só nos últimos três meses, base da pesquisa, os nordestinos afirmaram ler dois livros.
 
Em relação a 2007, data da pesquisa anterior, o Nordeste apresentou aumento de 4% no total de pessoas que afirmam ler. O percentual subiu de 25% para 29%, indicando 25,4 milhões de leitores em 2011.
 
“Percebemos que nesta região hoje muitos têm voltado para a escola, mesmo de diferentes faixas etárias, e isso se converte na crescente curva de novos leitores no Nordeste”, analisa Karine Pansa, presidente do Instituto Pró-Livro, elogiando o incentivo à leitura entre as políticas públicas de educação. “Temos a consciência de que o índice ainda não é dos mais satisfatórios, mas sabemos que estamos no caminho certo”, acrescentou Karine. 
 
Os novos leitores nordestinos têm também uma peculiaridade em relação aos demais do Brasil. Dos dois livros que leem nos últimos três meses, praticamente um é escolhido por iniciativa própria e o outro por indicação da escola. 
 
Ao optarem por ler um livro, a maioria da população do Nordeste revela que a motivação vem da atualização cultural e de conhecimentos gerais, apontado por 51% dos entrevistados. Em seguida, com 48%, é o prazer, gosto ou necessidade espontânea e um pouco abaixo, com 45%, exigência escolar ou acadêmica. Também aparecem na lista motivos religiosos (29%), atualização profissional (25%) e exigência do trabalho (8%).
 
Pelo índice, os optados de forma espontânea representam 0,94, enquanto que os acadêmicos somam 1,06. Ainda segundo a presidente do IPL, é preciso fortalecer a cultura da leitura na região. “Apesar de os números serem considerados bons, é necessário introduzir a leitura no cotidiano dessas pessoas. Por exemplo, do total de dois livros lidos, apenas 0,55 é lido inteiro”, alerta. Os principais gêneros lidos por iniciativa própria são: literatura (0,21), Bíblia (0,19) e livros religiosos (0,13). Outros aparecem com 0,39.
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25% dos professores da educação básica não têm nível superior

Os dados são do Censo Escolar de 2011, divulgado este mês pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep).

Aproximidamente 25% dos professores que trabalham nas escolas de educação básica do país não têm diploma de ensino superior. Eles cursaram apenas até o ensino médio ou o antigo curso normal. Os dados são do Censo Escolar de 2011, divulgado este mês pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep).

Apesar de ainda existir um enorme contingente de professores que não passaram pela universidade – eram mais de 530 mil em 2011 – o quadro apresenta melhora. Em 2007, os profissionais de nível médio eram mais de 30% do total, segundo mostra o censo. Para o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Leão, os números são mais um indicativo de que o magistério não é uma carreira atraente.

“Isso mostra que as pessoas estão indo lecionar como última opção de carreira profissional. Poucos profissionais bem preparados se dedicam ao magistério por vocação, uma vez que a carreira não aponta para uma boa perspectiva de futuro. Os salários são baixo, e as condições de trabalho ruins”, explica.

A maior proporção de profissionais sem formação de nível superior está na educação infantil. Nas salas de aula da creche e pré-escola, eles são 43,1% do total. Nos primeiros anos do ensino fundamental (1º ao 5º ano), 31,8% não têm diploma universitário, percentual que cai para 15,8% nos anos finais (6° ao 9º ano). No ensino médio, os profissionais sem titulação são minoria: apenas 5,9%.

Para a presidenta da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Cleuza Repulho, é um “grande equívoco pedagógico” colocar os professores menos preparados para atender as crianças mais novas. “No mundo inteiro é exatamente o contrário, quem trabalha na primeira infância tem maior titulação. Quando o professor entra na rede vai para a educação infantil quase como que um ‘castigo’ porque ela não é considerada importante. Mas, na verdade, se a criança começa bem sua trajetória escolar, as coisas serão bem mais tranquilas lá na frente”, pondera.

Segundo Cleuza, o nível de formação dos professores varia muito nas redes de ensino do país. Enquanto em algumas cidades quase todos os profissionais passaram pela universidade, em outras regiões o percentual de professores que só têm nível médio é superior à média nacional. “Temos, às vezes, uma concentração maior de professores sem titulação em alguns locais do Brasil, como a Região Norte, por exemplo, onde as distâncias e as dificuldades de acesso impedem que o professor melhore sua formação”, aponta.

O resumo técnico do Censo Escolar também destaca que em 2010 havia mais de 380 mil profissionais do magistério matriculados em cursos superiores – metade deles estudava pedagogia. Isso seria um indicativo de que há um esforço da categoria para aprimorar sua formação. Mas o presidente da CNTE ainda considera “muito alto” o número de professores sem diploma universitário, especialmente porque nos últimos anos foram ampliados os estímulos para formação de professores nas instituições públicas e privadas de ensino superior.

Uma das alternativas para quem já atua em sala de aula e quer aprimorar a formação é a modalidade do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) para licenciaturas. O programa paga as mensalidades de um curso em faculdade particular e depois da formatura o estudante pode abater sua dívida se trabalhar em escolas da rede pública – cada mês em serviço abate 1% do valor.

“Os programas são oferecidos, mas as condições não são dadas aos professores para que eles participem. O professor não tem, por exemplo, a dispensa do trabalho nos dias em que ele precisa assistir às aulas. As prefeituras e governos estaduais que deveriam ser os primeiros interessados acabam não estimulando o aprimoramento”, diz Roberto Leão.

     Fonte:Karolinny Araujo